Perdas

Em momentos de perda, o acolhimento é o maior aliado

Yvete Abiuzi, coordenadora da Orientação Educacional do Mater, explica como o luto impacta o jovem e de que maneira a escola deve auxiliar seus alunos

Em meio à pandemia do novo coronavírus, discussões a respeito de como lidar com perdas ganham força. O cenário atual trouxe muitas tristezas e passar esses momentos pede, além de tempo, força e apoio. Assim como a todos, para crianças e adolescentes a morte de um ente querido pode representar um dano à saúde mental e trazer diversas consequências; entre elas um impacto no aproveitamento das atividades escolares. O suporte por parte da escola faz-se, portanto, imprescindível para a recuperação desse jovem.

“Todos passam por diversas fases do luto, mas o que fica mais perceptível são fortes mudanças de atitude”, explica a coordenadora da Orientação Educacional, Yvete Abiuzi. “Alunos mais quietos podem tornar-se muito agitados e agressivos, enquanto alunos mais participativos podem ficar introspectivos e dispersos. Alguns vão pedir para ir mais a enfermaria, com sintomas físicos ou psicológicos”.

Yvete conta que, o mais perigoso, é perceber casos nos quais o estudante começa a isolar-se, distanciando-se de professores e amigos, o que pode indicar o desenvolvimento de um quadro depressivo. A revolta, a incredulidade e a tristeza são todas emoções naturais nesse momento e que tornam o papel do colégio ainda mais importante: o de acolher.

“Acolher, ouvir, demonstrar que se compreende a dor. É preciso que haja espaço para conversas francas, nas quais o responsável seja realista, mas sem deixar de demonstrar apoio e acolhimento. Acima de tudo, a escola deve estar à disposição e permitir que o aluno expresse seus sentimentos, seja por meio da conversa ou do choro”. A coordenadora resume: “No fundo, o importante é fazê-lo se sentir abraçado”.

A escola deve estar atenta a cada caso e buscar compreender a maneira do aluno de lidar com o ocorrido. Uma criança de menos de sete anos, por exemplo, terá dificuldade de compreender a morte. Já uma criança mais velha ou um adolescente, que compreende com mais facilidade esses infortúnios, precisará ser acalentado de forma mais direta para aceitar o ocorrido. É preciso sempre avaliar a necessidade de um acompanhamento de um profissional especialista em saúde mental, como um psicólogo.

“O Mater já trabalha com essas questões há muito tempo, por ter uma preocupação com a maneira que os alunos lidam com perdas, conflitos e infortúnios em geral”, conta Yvete. “Na grade curricular, nós temos uma disciplina, o Programa Semente, que orienta os estudantes frente essas situações para que eles consigam compreender os seus sentimentos, diferenciar as emoções e se permitir senti-las de forma saudável. Isso faz parte do aprendizado da empatia e da relação com o outro. São habilidades essenciais”.

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