Determinação e dedicação: como a escola pode incentivar essas competências?

Criar um ambiente positivo e saudável, valorizar o esforço e acolher o erro encorajam os estudantes a irem em busca de novos desafios e a desenvolverem a perseverança

Algumas características pessoais, como determinação e dedicação, são importantes para manter uma rotina de estudos e ter sucesso na aprendizagem. No entanto, nem todas as pessoas possuem essas qualidades. Mas, assim como toda e qualquer competência socioemocional, elas podem ser desenvolvidas.

Um fator importante nesse processo é ter objetivos bem definidos. “A determinação vem muito do porquê eu quero uma determinada coisa e porque ela é importante para mim. Quanto mais claro isso fica para a pessoa, mais ela vai se dedicar a alcançar essa meta”, diz Fernanda de Morais, professora de Educação Socioemocional do Colégio Mater Amabilis.

Ela conta que, além das aulas de aprendizagem socioemocional, que trabalha temas como o autoconhecimento e a abertura ao novo, há toda uma cultura escolar que prestigia a dedicação e a determinação, que busca tolerar o erro e encorajar os alunos, elementos fundamentais para a perseverança.

“Oferecemos desafios que eles são capazes de realizar, tirando os estudantes da zona de conforto. Além disso, acolhemos o erro, pois ele faz parte do aprendizado — quem não erra não evolui. Também encorajamos muito os alunos no cotidiano, principalmente no cenário pós-pandemia. Mostramos que eles têm uma base de apoio forte na escola, que não estão sozinhos, e reforçamos sempre os seus pontos positivos”, destaca.

Outro aspecto importante, segundo ela, é a valorização do esforço. “Em uma situação em que um aluno pensa em desistir de algo, mostramos para ele o quão longe ele já chegou. Isso reforça a perseverança. Valorizar o esforço e a trajetória, mais do que o resultado final, ajuda os estudantes a se manterem determinados”, completa.

A professora aponta que educar crianças e adolescentes para serem determinados tem efeito direto na autoestima, pois os jovens se tornam mais seguros e confiantes e se sentem melhores com eles mesmos. Como consequência, vão em busca de novos desafios. Além disso, os resultados em provas também tendem a melhorar. “Lembrando que o resultado positivo não é só um ótimo desempenho, mas também o progresso que o aluno conseguiu.”

Outro benefício de desenvolver a perseverança e a determinação é o jovem entender que as frustrações e o desânimo fazem parte da vida. “É fundamental termos adultos resilientes, que sabem tolerar e lidar com a frustração. Não controlamos todas as variáveis que determinam o nosso sucesso e, às vezes, as que dependem da gente, como o nosso esforço, não são suficientes para alcançarmos o que desejamos. Ensinar isso é importante para que eles não se culpem e continuem tentando”, ressalta Fernanda.

Para ela, desenvolver a determinação também significa dar autonomia para a pessoa, no sentido de ela escolher o quanto quer se dedicar a algo e o quão determinada está para isso. “Quem não tem determinação desiste diante das primeiras dificuldades e deixa de ter autonomia diante da vida, ficando muito sujeito à sorte e ao destino. E perde um pouco da satisfação pessoal que sentimos após nos esforçamos e superarmos obstáculos”, afirma. “Cabe à escola, à família e à comunidade oferecer caminhos e ferramentas para que os jovens possam escolher o que desejam, esforçar-se e conseguir alcançar seus objetivos.”