Dia de Tiradentes: por que esse marco histórico continua relevante até hoje?
Um dos protagonistas da Inconfidência Mineira, sua figura reúne os ideais republicanos de liberdade, de dignidade da pessoa humana e de justiça
A data da morte de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), mais conhecido como Tiradentes, é lembrada todos os anos no Brasil por meio do feriado de 21 de abril. Importante personagem histórico do país e um dos protagonistas da Inconfidência Mineira (1789), o marco de sua morte ainda é relevante nos dias atuais.
Bárbara Munhoz de Freitas, professora de história e coordenadora de humanas do ensino fundamental I e II do Colégio Mater Amabilis, explica que a Inconfidência Mineira foi um movimento de cunho conspiratório que reuniu membros da elite de Minas Gerais. Eles tinham por objetivo pôr fim ao domínio colonial português na região, cessar a cobrança dos altos impostos referentes à extração do ouro e perseguir os ideais republicanos.
“Em contraste com os outros inconfidentes, Tiradentes era o único que não pertencia à elite local. Apesar de não ser o líder do movimento, ele tinha o importante papel de articular os ideais que sustentavam a conjuração com as camadas mais pobres”, destaca a professora. “Por esse motivo, ele foi o único que não recebeu o perdão da coroa portuguesa e acabou sendo enforcado. Seu corpo foi esquartejado num claro gesto de castigo exemplar.”
Ela conta que sua morte permaneceu esquecida durante anos e só foi suscitada quase um século depois, em 1889, com a Proclamação da República no país. “Como essa mudança de modelo político foi feita em conchavo entre a elite paulista e o exército, sem participação popular, era necessário criar ‘símbolos pátrios’ e ‘heróis’ nacionais para que a República fosse legitimada perante a nação.”
Dessa forma, a imagem de Tiradentes foi resgatada e mitificada. “Não à toa, suas representações lembram as de Jesus Cristo”, pontua.
Apesar da construção do mito de Tiradentes ter girado em torno dos interesses das classes dominantes de se perpetuarem no poder, o marco de sua morte permanece importante até hoje. “Sua figura reúne os ideais republicanos de liberdade, de dignidade da pessoa humana e de justiça, que devem continuar sendo o norte para a construção de um Brasil mais justo e democrático”, afirma Bárbara.
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