Conflito entre Israel e Palestina: por que dura até hoje?
Disputa é uma ferida aberta, que desperta ressentimento e ódio e atravessa gerações de judeus e palestinos, explica professor
Conteúdos de atualidades e temas contemporâneos têm ocupado uma importância cada vez maior no leque de aprendizagens dos estudantes. Seguir o noticiário, além de possibilitar que o aluno acompanhe os acontecimentos que ocorrem no Brasil e no exterior e os relacione aos conceitos aprendidos, também é uma forma de ampliar a compreensão do mundo e exercitar a capacidade crítica e analítica, essenciais para o exercício da cidadania.
Recentemente, um assunto tem chamado a atenção no noticiário: o agravamento da onda de violência entre Israel e Palestina. Para explicar o contexto desse conflito histórico, porque ele se estende até hoje e o motivo pelo qual foi intensificado agora, o professor Evanir Baptista Penna, professor de Geografia do Colégio Mater Amabilis, destaca alguns pontos essenciais. Confira:
Contexto da guerra
Judeus e palestinos são povos semitas, que compartilham as mesmas origens culturais. Os judeus viviam na Palestina até 70 d.C., quando foram expulsos pelos romanos (diáspora), e a região passou a ser ocupada pelos árabes (palestinos). No século XIX, com a realização do primeiro Congresso Sionista, na Suíça, em 1897, teve o início o sionismo, movimento de reivindicação de um Estado próprio para os judeus na Palestina. “Com isso, houve o retorno de algumas famílias ao Oriente Médio, resultando nos primeiros conflitos com os palestinos que já ocupavam o território”, destaca o professor.
Criação do Estado de Israel
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) votou pela partilha do território criando o Estado de Israel, em 1948. A decisão foi rejeitada por Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque (países árabes), desencadeando uma série de guerras com os israelenses, que ampliavam o território judeu a cada vitória sobre os rivais. Hoje, Israel ocupa quase 80% do território destinado originalmente aos palestinos.
Prosseguimento do conflito
Há décadas, israelenses têm ocupado áreas em territórios palestinos, tanto em Jerusalém Oriental quanto na Cisjordânia, por meio dos chamados assentamentos, considerados uma violação das leis internacionais pela Organização das Nações Unidas (ONU). Israel apoia as iniciativas defendendo-as como “uma estratégia de continuidade de sua integridade, e não uma maneira de minar a soberania palestina”. A Faixa de Gaza, território palestino, vive sob bloqueio de Israel, que não reconhece a sua independência. “O conflito foi amenizado em alguns períodos, mas nunca desapareceu, pois é uma ferida aberta, que desperta ressentimento e ódio que atravessa gerações de judeus e palestinos”, comenta o professor.
Nova escalada de violência
Segundo Evanir, o gatilho para a nova onda de violência teve origem nas ameaças de despejo de famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, na parte palestina de Jerusalém, mas fora dos muros da “Cidade Velha”, após judeus entrarem na justiça para reaver a posse dos terrenos. Muitos palestinos, ao protestarem em solidariedade às famílias ameaçadas de despejo, foram violentamente reprimidos pela polícia israelense, no período do Ramadã (mês sagrado para os muçulmanos). “Ocorreu até mesmo o uso de granadas e gás lacrimogêneo dentro da mesquita de al-Aqsa, o lugar mais sagrado para eles, depois de Meca e Medina”, observa. “Nesse contexto, o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, deu um ultimato para Israel se retirar de al-Aqsa e de Sheikh Jarrah, o que não foi acatado e resultou no ataque do Hamas com foguetes contra cidades israelenses. Os israelenses realizaram um contra-ataque com uma força totalmente desproporcional, ao território palestino”, afirma o professor.
Acordo de cessar-fogo
Após onze dias de confrontos, em que morreram 232 palestinos (sendo 64 crianças) e 12 israelenses (duas crianças), foi assinado um cessar-fogo, em 21 de maio, entre Israel e o Hamas, paralisando, até o momento, o conflito.
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