Atividades colocam questão feminina no centro do debate
Colégio terá semana dedicada às mulheres, com ações das próprias alunas e debate sobre desigualdades de gênero e luta feminista; aulas especiais destacam autoras e ativistas
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março), uma série de atividades acontecem no Colégio Mater Amabilis, como uma mesa-redonda sobre feminismo e ações protagonizadas pelas próprias alunas da escola que integram o coletivo Coragem e Mulher.
Maria Helena Carvalhais, professora de ética, filosofia e sociologia do colégio, conta que, neste ano, a movimentação das alunas, principalmente do 9o ano do Fundamental ao 3o ano do Ensino Médio, em torno da temática feminina está mais forte. As estudantes estão mobilizadas para fazerem registros contra o assédio e outras situações pelas quais as mulheres passam, que acabam sendo naturalizadas no cotidiano.
“Elas estão se organizando e querem vir um dia vestidas com roupas pretas e espalhar cartazes pela escola. Nós acompanhamos essas iniciativas e tentamos dar uma perspectiva pedagógica, mas sem tirar o protagonismo das meninas”, diz a professora.
Além disso, dentro da proposta pedagógica do colégio, são organizadas mesas-redondas ao longo do ano para debater assuntos de atualidades e temas do interesse dos alunos. A primeira mesa deste ano acontece na quinta-feira, 5 de março, e vai marcar a abertura oficial da Semana da Mulher, que se estende até 13 de março.
O tema é o Dia da Mulher e a importância das lutas feministas e vai contar com a presença de uma ex-aluna do colégio, que se formou em Psicologia. Ela fala de estudos e perspectivas que relacionam psicologia e o debate sobre gênero. Também haverá falas das estudantes do coletivo e, depois, o debate será aberto a todos os interessados — alunos, professores e funcionários.
“Estamos com uma geração de meninas mais engajadas e conscientes das desigualdades que perpassam a questão de gênero. Por isso, estamos pensando esse 8 de março como uma data de luta e conscientização. E apropriar-se do ambiente escolar para isso faz todo sentido, pois a escola é um espaço de formação para cidadania, direitos humanos e inclusão social”, destaca a professora Maria Helena.
Vozes dissonantes
Outra iniciativa relacionada ao universo feminino é o curso extracurricular avançado de filosofia “Encontro com as mulheres”, destinado aos alunos do Ensino Médio. Ele teve início em 20 de fevereiro e acontece uma quinta-feira por mês, das 15h às 18h. Ao longo do ano, serão nove encontros, com aulas expositivas, leituras de textos e debates.
No primeiro semestre, cada encontro vai abordar uma pensadora, uma mulher que teve grande importância nos séculos XX e XXI para a filosofia, sociologia, história ou literatura. São elas: Hannah Arendt, Simone de Beauvoir, Clarice Lispector, Judith Butler e Angela Davis. No segundo semestre será a vez de Silvia Federici, Chimamanda Ngozi Adichie, Djamila Ribeiro e Bell Hooks.
“A ideia é trazer pensadores que normalmente não são contemplados pelos programas curriculares oficiais, incluir vozes dissonantes e corrigir a discrepância entre vozes femininas e masculinas”, afirma a professora.
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